sexta-feira, fevereiro 7, 2025
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Cartórios dizem que nunca registraram tantas mortes por causas naturais no Brasil como em março deste ano

Foram 139.406 mortes ocorridas no último mês, segundo registros coletados até o momento pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen). É o maior número desde 2003, quando teve início a série histórica de óbitos dos cartórios. Números devem aumentar nos próximos dias, já que nem todos os registros foram computados ainda.

Março de 2021 foi o mês com o maior número de mortes por causas naturais no Brasil ao menos desde 2003, quando teve início a série histórica de óbitos dos cartórios. É o que mostram dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais. Foram 139.406 mortes ocorridas no último mês, apontam os registros coletados até esta quinta-feira (1).

Os números ainda devem aumentar nos próximos dias, já que nem todas as mortes ocorridas em março foram registradas. Isso porque um registro de uma morte no sistema pode levar dias para ser contabilizado.

As mortes naturais são as provocadas por qualquer doença. Não entram na estatística mortes por acidente ou violência.

O segundo mês com mais mortes nos últimos 18 anos foi junho de 2020, quando morreram 139.365 pessoas, segundo dados do Portal da Transparência da Arpen. Março também registrou recorde de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia. Foram 66,8 mil óbitos, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa.

“Neste momento de extrema dificuldade que estamos vivendo poder proporcionar as informações de óbitos no Brasil de forma imediata, aberta e transparente a toda sociedade e aos órgãos públicos é essencial para que as autoridades possam planejar suas ações e a população possa ter a real dimensão dos perigos desta doença”, explica Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil.

Excesso de mortes por causas naturais: Os dados apenas reforçam um excesso de mortes naturais já apurado no ano passado no país.

“Se você olhar para março de 2020, verá que foram registrados 108 mil óbitos por causas naturais no país [segundo o Conass]. Era o início da pandemia. Se olhar para março de 2021, os registros aumentam para 148 mil óbitos. Não se morrem 40 mil pessoas a mais em um único mês por causas naturais em anos sem pandemia. Isso é o excesso causado direta e indiretamente pela Covid”, explica o cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt.

“Com certeza março de 2021 foi o mês mais mortal por causa da pandemia. Não houve nenhuma catástrofe que explicasse um salto tão grande de óbitos, nenhum outro causador [entre 2003 e 2021]”, diz Schrarstzhaupt.

O Brasil teve, no ano passado, 22% a mais de mortes por causas naturais do que o que era esperado, aponta um levantamento feito pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). O estudo, realizado pela organização global de saúde Vital Strategies, aponta que houve 275.587 mortes a mais no ano passado do que o que era esperado.

Entenda conceitos usados por epidemiologistas: Excesso de mortalidade: mede o impacto da evolução de doenças em uma população e a eficácia do sistema de saúde do país em socorrer esses doentes. Cálculo do excesso: é feita a subtração entre os óbitos por causas naturais registrados (ou esperadas) entre o ano analisado e a série histórica anterior.

Mortes por causas naturais: são aquelas provocadas por qualquer doença, desde um infarto, câncer a Covid-19. Não entram, por exemplo mortes por acidentes, violência doméstica ou armas de fogo. Porque o aumento? Foi causado tanto pelo impacto direto da nova doença como pelo indireto, por falta de assistência médica por superlotação de hospitais ou pela demora em buscar o médico.

(Correção: ao ser publicada, esta reportagem errou ao informar que os registros levavam em conta as mortes por todas as causas. São, na verdade, todas as mortes por causas naturais. Não entram, portanto, as mortes por causas externas, como acidentes e violência. Mas esses registros não são os principais: nunca houve uma média mensal de mais de 5,5 mil assassinatos no Brasil, por exemplo. O texto foi corrigido às 17h30.)

Fonte: G1.com
Por Felipe Grandin e Laís Modelli
Foto aérea do cemitério de Vila Formosa no dia 23 de março de 2021. — Foto: Picture taken with a drone. REUTERS/Amanda Perobelli

 

 

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