sábado, maio 4, 2024
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Sobre discutir futebol e política no contexto histórico cultural

Durante muito tempo a máxima de não se discutir futebol esteve associada a não se discutir política.

O futebol é o maior fenômeno cultural do Brasil e fez parte da formação da identidade dos brasileiros. Atualmente o país é reconhecido mundialmente pelas conquistas futebolísticas,  e por mazelas oriundas do cenário político.

Na primeira metade do século XX o Brasil e os brasileiros eram culturalmente influenciados por comportamentos europeus em especial a Inglaterra e incorporar uma identidade própria do Brasil, tais como: um jeito inovador de jogar, inserção de operários a uma prática elitizada e o amplo e criativo repertório corporal dos negros deram o tom da identidade brasileira no esporte bretão.

Diante da massificação e profissionalização do futebol no Brasil em meio ao regime estado novista protagonizado por Getúlio Vargas percebeu que, o incentivo a prática futebolística ampliaria a popularidade do então presidente. Desta forma, o futebol se tornou sinônimo de paixão nacional e se distanciou do que atualmente conhecemos como consenso de opinião.

O objetivo do regime estado novista foi amplamente concretizado: criar uma identidade nacional e  tornar a política um tema distante do processo discursivo dos brasileiros.

Vargas conseguiu através do seu regime alinhar torcidas rivais e fazer do seu governo um consenso.

Já na segunda metade do século XX pode-se perceber a ebulição da passionalidade dos torcedores e dos eleitores caracterizada no crescimento da rivalidade em ambos os temas de acordo as cores do clube e a legenda partidária.

Este fenômeno que vivenciamos atualmente de polarização partidária se assemelha a rivalidade entre os clubes de futebol, onde o torcedor/eleitor se mostram fechados a reconhecerem o lado contrário e viabilizar outras vertentes partidárias é uma traição tão grande quanto deixar de torcer para um clube de futebol.

Por fim, assim como nos clubes de futebol na política existem os apaixonados e assim como no futebol, na política nem sempre os mais capacitados vencem, a esperança é que no Brasil é mais difícil mudar de clube do que qualquer outra coisa, inclusive de políticos.

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Genildo Pinheiro Santos é doutorando em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília – UCB

*As opiniões expressadas neste artigo, são de inteira responsabilidade do autor. Não necessariamente, refletem a posição institucional deste veículo.

 

Foto de Capa:Diego Viñas

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