O vilão, mais uma vez, será o etanol, que encareceu com o atraso na colheita da cana no Centro-Sul, devido à estiagem. Os consumidores devem se preparar para um novo aumento dos preços dos combustíveis neste fim de semana, alerta o presidente do Sindicombustíveis do Distrito Federal, Paulo Tavares.
O vilão, mais uma vez, será o etanol, que encareceu com o atraso na colheita da cana no Centro-Sul, devido à estiagem. O produto influencia também a gasolina, que, no Brasil, tem 27% de etanol em sua composição A partir de junho, o volume de etanol colocado no mercado deve aumentar e a tendência é de que os preços caiam. Entretanto, eles não vão voltar aos patamares do final do ano passado e início deste ano. Tavares foi o entrevistado do CB.Agro de ontem. O programa é uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília.
Todo mundo está reclamando do preço dos combustíveis, sobretudo do etanol. O que está acontecendo? É importante frisar que a gasolina, na sua composição, tem 27% de etanol anidro. É um pacto ambiental que o governo tem desde 1992, do protocolo do Rio, depois do de Paris. O etanol anidro está em viés de alta, porque houve uma quebra de safra principalmente nas regiões Sudeste e Sul, devido à estiagem. A safra vai de abril a dezembro. Então, a primeira variável que influenciou esse preço é a estiagem. Em abril, quando deveria começar a safra, a cana deveria estar com cara de 12 meses, mas ela estava com cara de 10 meses.
Adiou-se a colheita e a moagem, e, com isso, a produção que deveria estar chegando no mercado para ser adicionada à gasolina não veio?
Exatamente isso. Como a cana estava muito pequena, adiaram a colheita, que está começando em alguns lugares agora em maio. O maior volume está previsto para chegar a partir de junho. Mas, como se adiou a colheita, os estoques ficaram baixos, essa é a primeira variável. A segunda variável que está influenciando os preços é que, devido às condições de mercado, está mais rentável produzir açúcar a etanol. Então, os usineiros estão direcionando até 15% da cana para o açúcar, devido ao alto valor do dólar. Ao invés de faturar com etanol no mercado interno faturam com açúcar, exportado em dólar.
É um problema, não? Complica a vida do consumidor
Perfeitamente, é o modelo da nossa economia. O Estado não deve intervir e a economia, o mercado, vai se adaptando. E, óbvio: o empresário busca o lucro para manter o seu negócio.
Houve um anúncio de que um novo aumento do etanol, de 10 centavos, vai chegar às bombas neste fim de semana. É possível? Por que há mudança de preços sempre aos sábados e terças-feiras?
A maioria das distribuidoras elevou o preço, que já subiu nas usinas e, geralmente, de sexta para sábado e de segunda para terça, é quando eles fazem a oscilação dos preços do mercado. A oscilação de preço já vem ocorrendo a quatro semanas seguidas, o etanol hidratado subiu de ontem para hoje (sexta-feira). Estatisticamente falando, é muito provável que neste sábado nós tenhamos o aumento do etanol anidro, o que obviamente irá impactar no preço da gasolina.
A Unica informou que já tem 80% do etanol contratado e que não há risco de falta do produto. Na sua expectativa, a safra ainda pode ser menor do que o projetado e faltar etanol?
Bom, os melhores números indicam quebra de 10%. Com certeza, a partir de junho, o volume do produto vai aumentar. Os preços vão melhorar um pouco, mas não vão voltar aos patamares em que estavam no final do ano passado e início deste ano. Isso é um fato.
Fonte: Pedro Ícaro – Correio Braziliense
Foto: Minervino Júnior