Uma onça-pintada apontada como a responsável pela morte de um caseiro no interior do Mato Grosso do Sul foi capturada no Pantanal. O animal é um macho, de 94 quilos, e estava sendo perseguido por um grupo de sete pessoas: um pesquisador, dois guias e quatro policiais militares ambientais.
Na onça foram instalados um acesso venoso e um monitor de frequência cardíaca e temperatura. O acesso venoso poderá ser usado caso haja necessidade de aplicar um anestésico no bicho.
“Vamos levar esse animal para o centro de reabilitação e tentar entender o que aconteceu. Dá pra ver que o animal está bem magro”, comentou o pesquisador Gedienson Araújo, que fazia parte da equipe de busca.
Nessa segunda-feira (21), o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, morreu vítima do ataque do animal próximo ao pesqueiro Touro Morto, no Pantanal. O local fica no encontro dos rios Miranda e Aquidauana, que estão cheios por conta das chuvas, o que dificultou as buscas.
Como é a região onde o homem foi atacado
A região de Touro Morto, local onde um homem de 60 anos morreu após ser atacado por uma onça-pintada, está localizada no município de Aquidauana, no estado de Mato Grosso do Sul. A área é de difícil acesso e está situada a aproximadamente a 150 quilômetros da cidade de Miranda.
Caracterizada pela natureza selvagem, com vegetação densa e rica biodiversidade, a região é parte integrante do bioma do Pantanal sul-mato-grossense. A área territorial do município é de 17.008,5 Km², e deste total 75% é coberto pelo Pantanal.
Um estudo realizado pelo Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) mostra que o Pantanal é o bioma brasileiro com maior índice de espécies preservadas. A região é habitat natural de diversos animais, incluindo a onça-pintada e a onça-parda.
O pesquisador Heriberto Gimenes Junior, mestre em Biologia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), destaca que a geografia da região pantaneira e uma série de fatores que incluem o alto grau de conservação do ecossistema favorecem a preservação e refúgio das espécies.
Caso é ‘raríssimo’ e pode colocar espécie em risco
Caseiro foi vítima de ataque predatório, diz biólogo. Segundo Tiago Leite, coordenador técnico do Instituto Profauna e biólogo especialista em Ecologia e Monitoramento Ambiental, incluindo de felinos, já existe um consenso entre pesquisadores que acompanham o caso de que corpo da vítima serviu de alimento ao animal
Ele ressalta, porém, que episódios do tipo são muito raros. “Sabemos que são raríssimos casos de felinos que predam seres humanos”, afirma Leite, que estuda o impacto humano em populações felinas silvestres na Mata Atlântica. Apesar disso, pondera: “Ao mesmo tempo, existem estudos que demonstram uma certa tendência de esses animais passarem a buscar esse tipo de recurso [humano] quando têm êxito em uma caçada.”
Especialista diz que, nos bastidores, se estuda enviar o animal responsável pelo ataque ao caseiro para outra área silvestre, mais isolada da presença humana. “Para evitar futuros incidentes como esse que ocorreu com o Jorge”, explica.
Biólogo reforça que existem mitos por trás de ataques por onças a humanos. Um deles, explica, é o que diz que o felino, após se alimentar da carne humana, passaria a fazer isso sempre, por gostar. “Mas não é isso”, reforça. “A questão é que um animal, às vezes mais velho ou com algum tipo de lesão ou comprometimento que o torne um pouco mais lento para poder fazer uma caçada em ambiente natural de uma presa habitual, como um jacaré ou uma anta, e que descobre que o ser humano é uma presa potencial para ele, acaba dando uma certa predileção para esse possível recurso alimentar, o que sabemos que pode ser problemático”.
Com informações da CNN E UOL