Os números assustam no Brasil: Somos o país mais ansioso do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A pesquisa feita pela instituição aponta que pelo menos 9% da população convive diariamente com o transtorno de ansiedade, o que corresponde a aproximadamente 19 milhões de pessoas no Brasil. Outra doença muito recorrente, de acordo com os estudos, é que entre os brasileiros a depressão atinge 5,8% da população. Por isso, a campanha do Janeiro Branco deste ano, ao chamar a atenção para a importância do cuidado com a saúde mental, sugeriu como tema: “O Mundo Pede Saúde Mental”.
O Portal Nova Lapa conversou nesta terça-feira, primeiro dia do mês de fevereiro, com o psicólogo soteropolitano, Marcos Alves, sobre a importância deste cuidado com a saúde mental e as doenças mais comuns que causam transtornos que adoecem o psicológico de qualquer pessoa.
Ao definir saúde mental, o profissional disse que podemos sim, ter dias bons e ruins. Mas é preciso passar por eles de forma positiva. “Lógico que estamos passando por lutos e lutas, mas é entender que estes dias negativos podem vir e passar por eles o mais rápido que puder, sempre refletindo, ressignificando para que a gente tenha sempre dias melhores em sua maioria”.
A PANDEMIA DESENCADEOU MUITOS PROBLEMAS PSICOLÓGICOS. Dentre eles se destacam a depressão e a ansiedade. Sem dúvida, isso desequilibra a saúde mental de qualquer ser humano. Marcos destacou que estes dois (ansiedade e depressão) são situações que mais levam gente à seu consultório. Ele endossa a informação de que no Brasil, os números são alarmantes. “A gente tem a mania de achar que psicólogo é coisa de doido. Pelo contrário, psicólogo é o profissional que vai ajudar você a não ficar doido”.
MUITA GENTE CONFUNDE SAÚDE MENTAL COM “ESTAR FELIZ”. Marcos faz uma importante revelação: “Em tempos de redes sociais parece que “estar feliz” é algo que tem que ser obrigatório. Você tem que postar que fez alguma coisa. Que está feliz, radiante. E muitas pessoas que não tem essa rotatividade acham que estão fora da curva. É preciso entender que temos dias de felicidade, de reflexão, assim como, o dia de ser mais ser intuitivo”. Não existe uma receita de bolo para resolver definitivamente o problema do “todo”. Pessoas que apresentam quadros de ansiedade e depressão não podem e não devem ser tratados da mesma maneira, isso, porque a pessoa é única. Ela deve ser tratada em sua individualidade e cada uma de forma especial.
PRECONCEITO: Marcos lembrou também sobre o preconceito, seja por gênero, racismo, LGBTFOBIA, enfim, situações que pode e muito afetar a saúde mental de uma pessoa que enfrenta estes conflitos ao se posicionar no lugar de fala. “Estamos em uma aldeia global. Perceba que hoje em dia, tudo vira briga. As pessoas brigam por política, religião, pelo time de futebol e tantas outras coisas. Entender o outro na sua diversidade é a melhor coisa que pode acontecer. A terapia ressignifica a situação. Quando a pessoa entende a terapia tem uma melhora sensacional”.
RELACIONAMENTO TÓXICO: Um ponto importante que o psicólogo tocou, foi justamente sobre relacionamentos tóxicos, que cada dia, vem aumentando os casos, isso depois que muitas mulheres passaram a relatar e falar sobre os abusos sofridos. Não é fácil quem passa por isso manter uma saúde mental equilibrada. De acordo com Marcos, o relacionamento tóxico diminui a pessoa. Se o parceiro agride já deixa de ser saudável aquela relação. Claro que casais brigam, mas, se depois disso, impera o respeito, tudo bem. É preciso deixar claro isso. Mas se você está numa relação tóxica, faça a pergunta: O que essa relação pode te dar? Se seu parceiro lhe promete o mundo de coisas positivas mas só lhe traz negatividade, tristeza e as vezes, perigo de vida. Se fortaleça primeiro, procure ajuda psicológica e saia feliz e segura dessa relação.
Antes da pandemia, em meio a uma briga, um dos dois tinha o recurso da fuga. Uma conversa com amiga no shopping, ou uma cerveja gelada no bar, enfim, depois da pandemia ficou mais fácil a percepção do que é bom e ruim no parceiro. É preciso conhecer o outro, até mesmo em sua individualidade. São dois que querem ser um. Mas também querem ser três. É uma conta que não fecha. Eu posso ser dois quando estou com a parceira. Ser um quando estou sozinho. Mas também quando penso na relação com atenção a nós dois.
ATENDIMENTO REMOTO OU PRESENCIAL: Ao falar da ajuda profissional em tempo de pandemia, se remota ou presencialmente, Marcos brincou, “eu vou entrar numa polêmica”, mas eu sou amante incondicional do atendimento presencial. O consultório é um lugar que traz segurança para o paciente. Na forma remota, o ambiente escolhido muitas vezes não é seguro. Sempre alguém interrompe. É um telefone que chama, é alguém que interrompe, enfim, para ter um bom resultado é preciso isolar para fazer a terapia no formato remoto. Mas quem puder, busque sempre o atendimento presencial. É importante não deixar de se tratar. Em Salvador tem vários projetos ao custo bem baixo e até gratuito para quem não tem condições. Procure em sua cidade, sempre vai existir uma forma do atendimento chegar até você, afirmou o psicólogo.
É importante lembrar que não existe uma idade para sentir os sintomas da ansiedade de depressão. Os dois sintomas sempre aparecem à medida que a vida vai acontecendo. Isso tudo é resultado de distorções cognitivas, é um excesso de medo e problemas que a pessoa acarreta ao longo da vida. A psicologia existe para ressignificar tudo isso.
Você pode seguir Marcos Alves pelo Instagram @psicologianodivareal ou entrar em contato pelo WhatsApp (71) 9 9259-8121.